Os juros do crédito rotativo do cartão de crédito para as famílias registraram uma nova alta em setembro, atingindo 438,4% ao ano. Essa elevação de 11,5 pontos percentuais frente ao mês anterior reflete o aumento da inadimplência e a persistente pressão sobre o orçamento das famílias. A alta dos juros ocorre mesmo após a implementação de medidas no início de 2024 que limitam o crédito rotativo em 30 dias, com o objetivo de desestimular o uso excessivo da modalidade. Ainda assim, a redução nos encargos tem sido tímida e concentrada em outras formas de crédito.
Apesar dos esforços para conter o endividamento das famílias, a medida não impacta diretamente os juros pactuados anteriormente, aplicando-se apenas a novos financiamentos. Nos últimos 12 meses, os juros do rotativo sofreram uma pequena redução de 2,7 pontos percentuais. No entanto, o custo do crédito rotativo permanece entre os mais altos do mercado, gerando uma dívida significativa para consumidores que não conseguem quitar o valor integral da fatura do cartão de crédito mensalmente.
Outras linhas de crédito também registraram elevação nas taxas em setembro. No caso dos juros do cheque especial, houve um aumento de 4,2 pontos percentuais, alcançando uma taxa de 137,1% ao ano, enquanto o crédito parcelado no cartão subiu 3,8 pontos percentuais, atingindo 185,8% ao ano. As elevações são reflexo da estabilização da taxa Selic em patamares altos e do aumento na taxa de inadimplência, fatores que elevam o risco das operações para as instituições financeiras.
O cenário para empresas, no entanto, foi mais favorável. As taxas médias no crédito livre para o setor empresarial registraram uma redução de 2,2 pontos percentuais no acumulado de 12 meses, com destaque para o capital de giro de curto prazo, cuja taxa de juros caiu 9,1 pontos percentuais. Esses dados refletem a importância das operações de crédito subsidiado para manter o funcionamento das empresas, em especial em períodos de instabilidade econômica.
Com o aumento da oferta de crédito em 2,2% e o crescimento do saldo total de empréstimos, o endividamento das famílias se mantém elevado, com o comprometimento da renda em 26,8%. Esse nível elevado de comprometimento e endividamento preocupa o Banco Central, pois sugere que as famílias estão utilizando parte substancial de seus rendimentos mensais para pagamento de dívidas, o que compromete a saúde financeira e o poder de compra em um cenário de juros elevados e condições econômicas desafiadoras.
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