A inflação apresentou aceleração em outubro para quase todas as faixas de renda, exceto para as famílias de alta renda, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta terça-feira (12). Para os domicílios de renda muito baixa, a taxa passou de 0,58% em setembro para 0,75% no mês seguinte, enquanto entre as famílias de renda alta houve queda de 0,33% para 0,27%. No acumulado do ano, as classes de menor poder aquisitivo enfrentaram a maior alta inflacionária (4,17%), enquanto a faixa de renda alta teve a menor taxa (3,20%).
O principal impacto inflacionário para as famílias de baixa renda veio dos grupos alimentos e bebidas e habitação, que representam uma fatia maior de seus gastos. Apesar de deflações em alimentos in natura, como tubérculos (-2,5%) e frutas (-1,1%), o aumento de produtos como carnes (5,8%), óleo de soja (5,1%) e café (4,0%) pressionou os orçamentos. No setor de habitação, a alta de 4,7% na tarifa de energia elétrica, motivada pela adoção da bandeira vermelha patamar 2, também pesou significativamente.
Por outro lado, o grupo transportes trouxe algum alívio inflacionário para todas as classes, com destaque para a queda nas tarifas de transporte público, como ônibus urbano (-3,5%), trem (-4,8%) e metrô (-4,6%). Além disso, os combustíveis registraram deflação de 0,17%, contribuindo para mitigar os impactos. Para as famílias de renda alta, o recuo de 11,5% nas passagens aéreas e de 1,5% nos transportes por aplicativo garantiu uma descompressão inflacionária mais expressiva, compensando reajustes no grupo de despesas pessoais.
No acumulado de 12 meses, as famílias de menor renda continuam a enfrentar as maiores taxas inflacionárias (4,99%), enquanto as de renda alta registram a menor variação (4,44%). Especialistas destacam que a pressão sobre as classes mais vulneráveis reflete a maior participação de itens essenciais em seus orçamentos, reforçando a necessidade de políticas públicas que auxiliem na mitigação desses efeitos.
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