A hesitação do governo brasileiro em anunciar um pacote de cortes de gastos repercutiu negativamente no mercado financeiro nesta segunda-feira (11). O dólar chegou a alcançar R$ 5,8194 no início do dia, em alta de 1,38%, refletindo também o fortalecimento global da moeda americana após a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Por volta das 11h43, a cotação recuou levemente para R$ 5,7865, mas o ambiente de cautela persiste entre investidores.
Além da incerteza fiscal, o mercado global projeta políticas protecionistas da nova administração americana, o que tende a favorecer o dólar internacionalmente. Internamente, o déficit primário do setor público brasileiro de R$ 245,6 bilhões, equivalente a 2,15% do PIB, aumenta a pressão sobre a credibilidade econômica do governo. O boletim Focus, que indicou revisões para cima nas estimativas inflacionárias até 2026, reforça a percepção de que novas altas na taxa Selic podem ser inevitáveis para conter a instabilidade nos preços.
O cenário fiscal adverso e a ausência de definição sobre o pacote de cortes foram apontados pelo ex-ministro Henrique Meirelles como fatores críticos para o futuro econômico do Brasil. Segundo ele, a dívida pública pode atingir 90% do PIB em 2028, caso medidas concretas não sejam implementadas. Essa trajetória fiscal não apenas eleva os riscos econômicos, mas também representa um dos maiores desafios para o atual governo.
No mercado de ações, o Ibovespa recuava 0,17% às 11h19, atingindo 127.613 pontos, após registrar queda mais acentuada no início do pregão. Papéis ligados ao petróleo, como Petrobras PN, mostraram alta moderada, enquanto o setor de mineração, liderado pela Vale, continuou em queda, pressionado por expectativas de retração na demanda global. Mesmo com a instabilidade, setores beneficiados pelo crescimento econômico projetado nos EUA podem mitigar parte das perdas, trazendo um alívio parcial ao índice.
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