Na abertura da Cúpula do G-20, que teve início nesta segunda-feira, 18, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Argentina, Javier Milei, trocaram um rápido aperto de mãos, marcando o primeiro encontro entre os dois líderes após meses de tensões diplomáticas. As divergências entre os dois, especialmente sobre temas como multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável e a guerra na Ucrânia, geram apreensão quanto à possibilidade de um consenso na declaração final do encontro, que envolve as maiores economias globais. O presidente argentino, conhecido por suas posturas conservadoras, trouxe suas discordâncias com os principais pontos do documento, o que poderia resultar em um fracasso diplomático.
Milei, que busca se posicionar como líder da direita na América Latina, tem demonstrado uma postura firme em relação a temas que contrariam o alinhamento tradicional de países latino-americanos no G-20. O presidente argentino se opõe a temas como a igualdade de gênero e propostas de abordagens mais suaves sobre a guerra na Ucrânia, além de questões relacionadas à tributação de grandes fortunas e ao meio ambiente. Sua posição tem gerado tensões com outros líderes, especialmente no contexto das negociações para a aprovação do comunicado final da cúpula. Há especulações de que, caso as divergências não sejam resolvidas, o documento possa ser assinado de forma fragmentada ou até mesmo não ser aprovado.
O clima de incerteza se intensifica à medida que a cúpula avança, com os sherpas — negociadores das delegações — trabalhando intensamente para ajustar o texto da declaração final. Apesar de um esforço para chegar a um consenso, as discussões continuam acirradas, e a possibilidade de um fracasso diplomático ainda não pode ser descartada. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou para que os líderes do G-20 encontrem uma solução conjunta para questões cruciais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ressaltando a necessidade de unidade em tempos de crescente polarização global.
Embora as relações entre Brasil e Argentina estejam longe de serem amigáveis, a presença de Milei na cúpula do G-20 sinaliza uma tentativa de diálogo entre os países vizinhos. No entanto, os desacordos em temas centrais da agenda internacional e a postura combativa do argentino podem dificultar avanços significativos durante o evento. A diplomacia brasileira segue em alerta, tentando garantir que o encontro não termine em impasse, o que prejudicaria não apenas a relação bilateral, mas também a credibilidade do G-20 como fórum de discussão global.
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