A disparada do dólar, que na última sexta-feira (1) fechou a R$ 5,869, acendeu um alerta no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta pressão crescente do mercado para anunciar seu plano de corte de gastos. A elevação da moeda norte-americana ao maior valor desde 2020 reflete não só a incerteza quanto à política fiscal brasileira, mas também a volatilidade global em meio à eleição presidencial nos Estados Unidos e à desaceleração econômica na China. A urgência em estabilizar o câmbio levou o presidente Lula a pedir ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o adiamento de uma viagem à Europa, programada para esta semana.
Haddad, que viajaria a quatro capitais europeias — Paris, Londres, Berlim e Bruxelas — para tratar de temas econômicos e bilaterais, permanecerá em Brasília para liderar discussões sobre o ajuste fiscal. De acordo com o Ministério da Fazenda, a decisão do presidente Lula visa garantir que Haddad esteja totalmente focado nas questões domésticas e nos ajustes finais do pacote de revisão de gastos públicos. Em nota oficial divulgada no domingo (3), o ministério confirmou que a viagem será reagendada para um momento mais estável nos temas internos.
Nos bastidores, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, trabalharam juntos para estruturar cenários de corte de gastos, que aguardam a aprovação política do presidente. Segundo Haddad, a proposta apresentada segue o modelo do arcabouço fiscal de 2023, que trouxe estabilidade ao cenário econômico e reduziu a volatilidade cambial e as taxas de juros. A expectativa do governo é que o novo plano também ancore as expectativas do mercado, levando a um novo ciclo de estabilidade econômica no Brasil.
A pressão pela definição do plano de cortes se intensificou após a recente alta do dólar, que implica em impactos fiscais e políticos para o governo. Haddad e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, alinharam as medidas de revisão de gastos durante reuniões realizadas na última semana. Agora, o foco está na redação da proposta de emenda constitucional (PEC) para dar embasamento jurídico às ações de ajuste. Inicialmente, o governo não considerava urgente a entrega do texto ao Congresso, pois as medidas visam impactar os Orçamentos de 2025 e 2026, mas a escalada cambial alterou o cronograma.
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